QUEM SOMOS?

A busca por identidade é uma das questões centrais que permeiam a experiência humana. Desde o momento em que começamos a compreender o mundo ao nosso redor, nos perguntamos quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Essa busca não é apenas uma reflexão filosófica; ela está inserida em nossas ações cotidianas, nas escolhas que fazemos e nas relações que estabelecemos. Identidade, portanto, não é algo fixo, mas sim fluido, sendo constantemente moldado pela interação entre nossos sentimentos internos e as pressões externas, como a cultura, a família, a sociedade e as experiências pessoais.

Ao longo da vida, a percepção de quem somos pode mudar drasticamente. Por vezes, em momentos de transição, seja na adolescência, na fase adulta ou durante crises existenciais, nos vemos forçados a revisar nossas crenças, valores e objetivos. Nessas fases, a identidade pode ser desafiada, e a busca por um "eu" mais autêntico ou mais congruente com nossas experiências mais recentes ganha força. É como se precisássemos reformular nossa essência para incorporar tudo o que vivemos, aprendemos e superamos. Porém, essa constante reavaliação pode trazer tanto insegurança quanto empoderamento, pois, ao mesmo tempo em que questionamos nossas certezas, também temos a oportunidade de crescer e evoluir.

Além disso, a identidade nunca é uma construção isolada. Ela é influenciada, muitas vezes, por comparações e interações sociais. Somos também aquilo que os outros percebem de nós, seja pela forma como nos comportamos, pelo status que alcançamos ou pelas narrativas que construímos em torno de nossa imagem. A sociedade, com suas normas e expectativas, tem um papel fundamental na formação de nossa identidade. No entanto, é possível que as pressões sociais nos façam adotar papéis ou traços de identidade que nem sempre são genuínos, gerando uma sensação de desconexão entre quem somos por dentro e o que mostramos para o mundo.

No entanto, a identidade é também uma construção pessoal, uma busca interna. Algumas pessoas podem sentir que nunca terão uma resposta definitiva para "quem são", o que talvez seja justamente a beleza do processo: não há um ponto final, mas sim um caminho. A autorreflexão, as escolhas, os erros, as vitórias e até os momentos de quietude são peças fundamentais nesse processo. A verdadeira identidade, talvez, não seja tanto algo que se descobre, mas algo que se cria constantemente, à medida que nos permitimos evoluir e nos expressar livremente.

E você, sente que essa busca pela identidade é algo que se concretiza em algum momento da vida, ou acredita que ela é um processo contínuo, sem um fim claro?

Júlia Restivo Ordontis

Especialista em Psicólogia TCC aplicada a infância e terapias de comorbidades